Vaporwave[3] é um gênero musical e um movimento artístico que surgiu no início da década de 2010, entre diversas comunidades online. O gênero é caracterizado por uma fascinação nostálgica pela estética da cultura retrô dos anos 90, video games, tecnologia, cultura e publicidade nipônica pós-moderna, além de estilos de música comercial, tais como lounge, jazz suave e música de elevador. Os samples musicais são predominantes no gênero, frequentemente com sua tonalidade sonora modificada, por vezes podem ser utilizados em camadas ou até mesmo alterados usando o estilo clássico de chopped and screwed.[2][4] Um dos pontos principais do estilo é a frequente preocupação crítica ou satírica com o consumismo capitalista, a cultura popular, e alegorias do new age.[2] O vaporwave se constrói em uma estética visual bem característica, apresentando elementos como esculturas neoclássicas misturados a computadores dos anos 90.[5]
História[editar | editar código-fonte]
O vaporwave surgiu como um estilo nascido da Internet, derivado do trabalho de artistas do pop hipnagógico como Ariel Pink e James Ferraro.[6] Os álbuns Chuck Person's Eccojams Vol. 1, de Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never), e Far Side Virtual, de James Ferraro, são frequentemente creditados como marcos iniciais no desenvolvimento do vaporwave.[7][8][9] Em 2011, o álbum Floral Shoppe, da artista Vektroid, se tornou o primeiro álbum do gênero vaporwave a ganhar reconhecimento popular, com ajuda de comunidades online.[quem?] Nos anos seguintes, o gênero encontrou espaço mais amplo entre websites como Bandcamp, SoundCloud, Last.fm e 4chan, e continuou a evoluir em com o surgimento de artistas como Skylar Spence e Blank Banshee, adotando sons que "promovem uma alusão ao virtual plaza[vago], mas que significamente transcendem-o". Outros subgêneros do vaporwave incluem Mallsoft, que "conjura o muzak tocado nos shopping centers".[1]
Em 2015, a MTV promoveu um rebranding profundamente inspirado pela estética vaporwave e seapunk.[10] Na contramão, o Tumblr lançou o Tumblr TV, com um visual explicitamente inspirado na MTV da década de 1990.[11] De acordo com o jornalista Jordan Pearson, da Motherboard, o site de tecnologia da revista Vice, esta mudança significaria "a morte do gênero", já que "é nesse lugar (em mídias como a MTV) que o impulso cínico que inspirou o vaporwave é ao mesmo tempo assimilado e apagado — onde sua fonte de inspiração nasce e vive."[11] Os artistas frequentemente adotam escultura clássica, web design da década de 1990, renderizações de computador, Glitch Art, VHS, fita cassete, obras de arte da Ásia Oriental e cyberpunk.[12]
Em novembro de 2015, de acordo com uma lista de "10 artistas que você precisa saber" da Rolling Stone, o álbum de 2814, 新しい日の誕生 (Birth of a New Day) encontrou o sucesso dentro de um "bolso pequeno e apaixonado da Internet."[13] 2814 citou Boards of Canada, Steve Roach, Vangelis, Burial e Sigur Rós como influências.[14] No mesmo ano, o álbum I'll Try Living Like This, de Death's Dynamic Shroud.wmv apareceu na 15ª posição na lista de "50 Melhores Álbuns de 2015" da revista britânica Fact.[15]
Interpretações[editar | editar código-fonte]
Vaporwave foi descrito como "um aviltante da música comercial" numa tentativa de revelar as "falsas promessas" do capitalismo.[16] O compositor Adam Harper de Dummy Mag descreve o vaporwave sendo um "verdadeiro aceleracionista irônico e satírico"; notando que o próprio nome "vaporwave" é tanto um assentimento ao vaporwave, quanto a ideia de energia libidinal sendo submetida a sublimação implacável sob o capitalismo.[16]
O crítico Simon Reynolds descreveu o projeto Chuck Person, do músico Daniel Lopatin, como "relacionado a memória cultural e o utopismo enterrado dentro das comodidades capitalistas, sobretudo aquelas relacionadas a tecnologia de consumo na área de computação e entretenimento de áudio e vídeo".[17]
情報デスクVIRTUAL (Jouhou Desuku VIRTUAL), um dos pseudônimos de Vektroid, descreve seu álbum 札幌コンテンポラリー (Sapporo Contemporary) como "um breve vislumbre dentro das novas possibilidades da comunicação internacional" e "uma paródia da hipercontextualização americana da Ásia digital em meados dos anos 1990."[18]
O educador musical Grafton Tanner argumentou em seu livro de 2016, Babbling Corpse: Vaporwave and the Commodification of Ghosts que o vaporwave "é uma rebelião contra o exuberante e incontrolado capitalismo, particularmente em sua abordagem da nostalgia".[19]